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sábado, 28 de maio de 2011

Deus dentro de casa

O sol ainda não havia cessado de brilhar e a tarde ia engolindo as corres do dia, despejando sobre a terra os primeiros retalhos de sombra. Então eu percebi que Deus vinha sentar-se perto de mim.

Ele ficava numa das cadeiras da mesa da cozinha da minha casa. Sempre chegava sem alarde, retirava o chapéu da cabeça e colocava ao lado; buscava um copo de água e olhava as coisas em silêncio.

Ele tinha as feições de um homem feliz, de um homem realizado. Ficava ali, contido na alegria própria de quem cumpriu suas realizações diárias e se recolhia ao cotidiano do lar.

Eu só olhava e pensava: “como é bom ter Deus dentro de casa!” Como era bom viver aquele momento da vida em que eu tinha direito de ter um deus só para mim. Poderia cair em seus braços, despentear seus cabelos, puxa a caneta de seu bolso...

Mas aquele homem não era Deus, aquele homem era o meu pai. E foi assim que descobri que meu pai, com seu jeito infinito de ser Deus, me revelava Deus com seu jeito infinito de ser homem.

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