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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A incrível aventura da Família Paiva no Rio Grande do Norte

 

LUTAS : BRIGADEIRO X Prof. BRITO PAIVA

(IN)SAGA DE UMA FAMÍLIA (VI)

(...)



Este belo jovem, é meu querido amigo Galvão- Historiador/Pesquisador - Professor Francisco Alves Galavão Neto, filho de Canguaretama. Galvão conhece, profundamente, a história de sua cidade e de seu Estado, RN. Encontrei-o, em 2007 e, não fora êle, não teria avançado, em tempo tão recorde, nas minhas pesquisas locais. Foi Galvão, quem  me levou para conhecer o Engenho Tamatanduba e me indicou uma rica referência bibliográfica, sobre o Cunhaú, Tamatanduba, Vila Flor e Canguaretama. Aqui, registro minha homenagem, a ele, e agradecimento pelos seus imensos préstimos e gentilezas... (Foto: do blog História de Canguaretama, do Prof. Francisco Galvão)



Este, da foto, é Antônio Gomes da Rocha Fagundes (1896-1982). Mais conhecido por Prof. Fagundes, ele nasceu em Canguaretama,RN,  sendo autor de vários lívros sobre a historia de sua cidade e do Rio Grande do Norte. Meu amigo Galvão, que apresentei acima, levou-me à Biblioteca Municipal de Canguaretama- RN, fazendo cópias de um impresso, de autoria do Professor Fagundes, o qual nunca fora publicado - NOTAS SOBRE CANGURETAMA- onde consta, dentre outros fatos e biografias,  a biografia do Brigadeiro Dendé Arcoverde, a do Prof. Brito Paiva e AS LUTAS ENTRE O BRIGADEIRO E ANTÔNIO PEREIRA DE BRITO PAIVA. Lancei mão, dos escritos, para a postagem de hoje.(FOTO: do blog História de Canguaretama, do Prof. Francisco Galvão)

Agora, com os escritos de Antônio Gomes da Rocha Fagundes, o Professor Fagundes,
"Notas sobre Canguaretama", vamos conhecer um pouco do perfil psicológico de Antônio Pereira de Brito Paiva, o Professor Paiva, cujo pai, Vicente Ferreira de Paiva,
meu bisavô paterno, foi assassinado a mando de Dendé Arcoverde, mais conhecido por "Brigadeiro". Seguindo-se, ao perfil do Prof. Paiva, será transcrito um trecho, desses mesmos escritos, acerca das lutas travadas entre o Brigadeiro e o Prof. Paiva. Ao final do capítulo de hoje, os leitores saberão como transcorrreram as últimos dois dias, de vida,  do terrível Dendé...


ANTÔNIO PEREIRA DE BRITO PAIVA

Nascido em Vila Flor a 25 de setembro de 1811, Antônio Pereira de Brito Paiva abraçara o magistério primário.
Deve ter lhe falado bem alto a vocação para esse mister, de tão
exíguas compensações, tanto materiais quanto sociais. Fora nomeado para escola de sua terra-natal. Devia fazer jus aos vencimentos a mais de trezentos mil reis, gorda recompensa por um traballho de tamanha impotância político-social.
A nomeação fizera-se a 4 de julho de 1838 e a posse verificou-se tres dias depois. A 15 de outubro desse mesmo ano, estava removido para
Apodi. Sendo a nomeação para Vila Flor, o nosso mestre escola  deixou-se ficar e não tomou conhecimento do ato da remoção.
Em agosto de 1843(*) foi removido para Campo Grande, hoje  Augusto Severo.
 Tratava-se de perseguição política, porquanto,
pertencendo ele ao Partido Liberal (Luzias) teria de ser transferido todas as vezes que o Partido Conseravador (Saquaremas) galgasse o poder. Brito Paiva  não obedeceu, também, ao segundo ato de remoção. Espírito de boa têpera, não se curvava às injunções dos adversários.
Resolvendo dedicar-se à agricultura, instalou-se em Tamatanduba, do atual município de Pedro Velho, numa propriedade que limitava com o engenho Cunháu e lá passou a desenvolver atividades agrárias.
Crescendo-lhe a familia(**), evidenciou que
que o meio rural não era propício à educação dos filhos, cujas idades estavam reclamando ambiente mais amplo e de maiores possibilidades sociais e culturais. Emigrou então pra o vizinho Estado do Ceará, fixando-se em Fortaleza.
Inteligente e operoso, fez bonita figura na política do estado vizinho onde foi vereador, Intendente por várias legislaturas(***),
cargo correspondente hoje a prefeito.
Solicitador e advogado, sempre fiel aos seus princípios partidários, desenpenhou-se com eficiência em todas as funções para as quais fora convocado.
Pelos bons serviços prestados às causas públicas, recebeu a comenda de Cavaleiro da Ordem de Cristo.
Educou os filhos e os viu atingir a postos elevados em meio da sociedade alencarina. Joaquim Olimpyo de Paiva, um deles, chegou a ser desembargador da côrte do Ceará, o outro, Vicente Osório de Paiva, foi deputado federal e veio a falecer no posto de marechal do Exército nacional.
De sua permanência em Tamatanduba, o Rio Grande do Norte conserva a memória das hostilidades do Brigadadeiro, senhor do
engenho Cunhaú, de quem se constituira inimigo irreconciliável.
Brito Paiva faleceu em Fortaleza, a 22 de julho de 1901, depois de tão propícias e eficientes atividades políticas e sociais na terra de José de Alencar, com as quais tanto soube honrar e dignificar a terrinha modesta de seu nascimento.

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NOTA: Os asteriscos(*), no texto do Prof. Fagundes, acima
trascrito, foram colocados por mim, para correção, tendo
por base os escritos de meu pai, que lhes foram transmitidos
por seus ascendentes. Com a continuação da SAGA, ainda a
ser narrada, essas questões, de "datas" e "filhos", de Brito Paiva,
ficarão melhores esclarecidas...

 (*) A data 1843 não é correta. Brito Paiva já morava no
Engenho Tamatanduba, quando seu pai foi assassinado a mando
de Dendé do Cunhaú, em 1842. Em 1843, já teria emigrado
para o Ceará, por recear nova emboscada...
(**)Brito Paiva, não possuia filhos, nem era casado, em Tamatanduba. As crianças, citadas por Antônio Fagundes, eram
seus irmãos menores, nascidos do 2º casamento de seu pai.
(***) Brito Paiva foi Intendente, de Fortaleza, em apenas uma legislatura.

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AS LUTAS ENTRE O BRIGADEIRO E ANTÔNIO PEREIRA DE BRITO PAIVA
A fama do atrabiliário Dendé Arcoverde corria pelas circunvizinhanças de Cunhaú. Forte, arrebatado, valente, não renunciava um só desejo, por mais extravagante e pernicioso, fossem quais fossem as consequências.
Vivendo ao fausto, cercava-se no engenho de criminosos, aos quais dispensava agasalho e proteção, Aquele, cometesse um crime, dele se aproximasse solicitando proteção, estava garantido.
Ninguém ousava reclamar-lhe.
Era notório que o nome do brigadeiro aterrorizava cinquenta léguas em derredor ao mesmo tempo em que se tornava escudo para os que tencionavam dele se valer. No limite do Cunhaú ficava a propriedade Tamatanduba, do atual município de Pedro Velho, pertencente(*) ao professor  Antônio Pereira de Brito Paiva.
Por quesões de terra, os dois vizinhos se desavieram, nascendo daí uma intriga ferrenha, das mais imprevisíveis consequências.
Cada um possuia numeroso bando de guarda-costas bem armados, valentes, decididos, dispostos a qualquer eventualidade. Quando menos se esperava, surgia a notícia de uma façanha, culminando na morte de um cristão.
Nas feiras e nas festividades comuns na região, nas festas populares de Natal e São João, batiam através de seus cabras , como se constituissem exércitos em defesa de causas ante o direito dos povos. Não havia possobilidade de acordo. Adepto de um lado estava tacitamente condenado pelo outro. em defesa do "senhor" e de sua honra, os guarda-costas não mediam dificuldades, tudo faziam sem pesar as consequências.
Frequentes eram as emboscadas de um e de outro lado. O próprio brigadeiro dela livrou-se, por algumas vezes, graças ao seu cavalo predileto, ágil, corredor, veloz.
Na estrada entre Tamatanduba e Cunhaú, havia uma mata mais ou menos espessa - a Mata das Varas - em cujas margens ocultavam-se os cabras , sempre dispostos para emboscadas. A estrada somente poderia ser atravessada em  condições especiais. Quem quer que por ali trnsitasse, cavaleiro ou pedestre, devia ir cantarolando, assobiando, ou mesmo aboiando como se tangesse gado. do contrário corria o risco de ser alvejado por um dos pistoleiros e, sem tardar, o grupo descia do mato, exterminando. Os grupos rivais, postados de cada lado da estrada, à espreita de um inimigo, não tinha complacência com aqueles que cedo não se identificavam pessoas amigas.
Aquela região tornou-se o pavor dos pacíficos transeuntes, ali forçados a passar para o atendimento das frequentes atividades da vida do campo, à qual se dedicavam. Assim passaram os anos de 1938 a 1844.
Somente depois que Brito Paiva emigou para o Ceará, o grupo de Tamatanduba dispersou-se. Daí, então, resultou a tranquilidade entre os habitantes daquela região, os quais passaram a render homenagem, obediência e respeito, ao nome colérico e impulsivo, atrabiliário e desumano brigadeiro de Cunhaú.

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OS ÚLTIMOS DIAS DO BRIGADEIRO
(.........) Por volta de 1856, frei Serafim de Catânia pregava missõs naquelas paragens. O frade procurou Arcoverde. O Brigadeiro, o terrível Brigadeiro, rendeu-se ao frade que usava armas das quais a ninguém é dado ter conhecimento. Qunado frei Serafim deixou Cunhaú, Dendé rompeu com todos os seus hábitos e preparou-se para morrer. Dispensou todo o séquito de homens em armas, mandou as mulheres(*) para a Baía Formosa com seus filhos. Em 12 de março de 1856, ditou o seu testamento, e  entregou ao senhor Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti, a quem nomeou testamenteiro e tutor de seus filhos menores.
Em 1856, o Rio Grande do Norte passou a ser governado pelo doutor Bernardo Machado da Costa Dória, magistrado, enérgico, sisudo. Mandou recolher à prisão vários criminosos que se encontravam soltos, homens fora da lei que permanecia à vista das autoridades sem que os pudessem prender.
A diligência mais importante era a de prender o Brigadeiro Arcoverde, em Cunhaú, homem poderoso, pertencente a grande família, faustoso, porém acusado de haver assassinado muitos infelizes, inclusive sua própria mulher, um irmão e um filho.
Diz a tradição que uma tropa saiu de Natal, sob o comando do próprio Chefe de Polícia, doutor Luis José de Medeiros. Chegando a Cunhaú à tarde, o doutor Medeiros pediu agasalho, alegando necessidade de oferecer repouso aos soldados a fim de prosseguir viagem até Paraiba.
Os viajantes foram recebidos fidalgamente, como era comum fazê-lo a todos que alí chegavam. O Chefe de Polícia foi hóspede do próprio Brigadeiro, enquanto os soldados ficaram alojados nas residências dos empregados e moradores do engenho. Na manhã seguinte, pretestando fadiga, o Chefe de Polícia não viajou. Visitou o engenho e suas dependências, plantações em companhia de Dendé. Demorou-se alí durante dois dias.
O Brigadeiro compreendeu do que se tratava e, no segundo dia, após a ceia, disse ao Dr. Medeiros: - "Senhor Chefe de Polícia, já não sou o Brigadeiro Arcoverde, sou uma sombra dele. Se o Sr. tivesse vimdo há um ano passado, teria outra recepção, mas eu não sou mais nada. Não posso e não quero resistir. Amanhã pela manhã o senhor me verá". E recolheu-se. Vestiu a farda de gala com dragonas de ouro e ramalhetes enfestonados na casaca, calçou as luvas brancas e bebeu cianureto.
Pela manhã do dia seguinte encontraram-no morto. Era o dia 26 de julho de 1857. Foi sepultado na capela do Cunhaú, junto do altar-mor, na cova em que, vinte e dois anos antes, fora sepultada a sua esposa.
Refere a tradição que à notícia da morte do Brigadeiro dispersaram-se os habitantes das casas do engenho.
Estava cumprida a diligência, extinguindo-se, desse modo tragicamente, a vida do atrabiliário representante da faustosa família Albuquerque Maranhão e, com ela, o poderio de Cunhaú tão retumbante e disseminado durante dezenas de anos.


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NOTA:(*) Dendé Arcoverde viveu, simultaneamente, com três mulheres, tendo tido, com cada uma delas, duas filhas, num total,
portanto, de seis filhas. Todas as filhas foram legitimadas e
beneficiadas em seu testamento.

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Preciso ir agora................................mas eu volto, um abraço!


FONTE: http://dacadeirinhadearruar.blogspot.com/2011/07/lutas-brigadeiro-x-prof-brito-paiva.html

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