Total de visualizações de página

sábado, 7 de setembro de 2013

João Alves Galvão completaria 99 anos neste mês de setembro!

O alemão Bertolt Brecht dizia que existem homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons, mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis. Sem exageros, assim foi João Alves Galvão. Homens dessa magnitude não são esquecidos; a comunidade o lembrará sempre. A própria palavra de Deus pede, através Livro Sagrado: ‘mostra quem são eles e de onde vieram’.
João Alves Galvão nasceu à margem esquerda do rio Curimataú, no Sítio Porteiras, no município potiguar de Pedro Velho, no dia 6 de Setembro de 1914. Seu pai, Francisco Alves Galvão, era homem de reputação exemplar, conhecido como homem inteligente e de ciência pelos seus pares. Sua mãe, Alcina Lopes Galvão, era uma mulher linda, de características indígenas como as brasileiras em geral.
Desde pequeno, João Alves, despontou como um garoto prodígio. A própria professora o entregou ao pai dizendo que não tinha mais nada para ensiná-lo. Ele já havia feito todas as lições do livro antes que a professora mandasse. Na juventude, ajudava ao pai nos trabalhos de agricultor e como comerciante nas feiras livre de Canguaretama, Goianinha e Nova Cruz.
Em 1949 tomou a resolução de morar em Canguaretama, a cidade mais promissora da região. Deixou a casa do pai e desembarcou na Estação da Penha, às 7 horas da manhã, do dia 25 de maio, uma quarta-feira. Na bagagem estavam as mercadorias para iniciar sua vida de comerciante na cidade. Para começar o negócio teve a ajuda destacada de Paulírio Martins de Castro que lhe ensinou algumas técnicas de comércio e Abdias Martins de Castro, parentes amigos que sempre o incentivaram.
Sua primeira hospedagem foi na casa de Dondom, Laura de Oliveira Galvão, prima de seu pai, no Sertãozinho. Estabeleceu-se no centro da cidade, numa loja dentro do mercado. Sua primeira venda foi a um garoto que lhe comprou cinco confeitos por um tostão (cem réis). Negociava junto com o irmão, Raimundo, e por isso logo ficou conhecido como Dois Irmãos. Esse apelido foi dado pela Negra Salvina, que regularmente tomava uns goles de cachaça no seu comércio.
Logo se destacou e comprou, a Severino Martins de Castro, a loja que tinha sido de João Ciro Fagundes, por quatro mil réis. A partir disso não parou mais, até tornar-se o maior comerciante de Canguaretama nos anos de 1970. Na época foi o primeiro comerciante da cidade a retirar o “balcão” e montar algo parecido com os supermercados de hoje. Fazia todos os cálculos de cabeça, mas gostava de ter sempre um lápis à mão.
Homem que se destacava pela beleza, estava sempre vestido com uma camisa branca e calçado com um sapato preto, sua indumentária diária. Já alicerçado no município, conheceu e casou com a paraibana Lúcia Alves de Araújo em 18 de junho 1955 e com ela ergueu uma família de 11 filhos, todos nascidos e criados em Canguaretama.
Na política esteve ligado a José de Carvalho e Silva, João Gomes de torres e Marcílio Martins de Castro. Foi do PSD, depois ARENA e PDS: um dinartista sem paixão. Nas campanhas políticas nunca aceitou ser candidato a cargo eletivo, muito embora quisesse exercer o controle de decisões delicadas. Para isso tinha apoio dos amigos e parentes. Homem de muitas amizades, foi o fiador secreto dos amigos, salvando o investimentos de muita gente. Alguns de seus amigos eram adversários políticos, mas sempre amigos pessoais. Todos os grandes políticos do Rio Grande do Norte passaram por sua residência e apertaram sua mão.
Em 1959 comprou a Fazenda São Francisco, em Pedro Velho, em frente ao sítio onde nasceu, passando a ser criador de gado nelore e plantador de coco e cana-de-açúcar, além de explorar a extração de pedras para calçamento, mas nunca quis sair de Canguaretama. Por esse motivo, em 2000, a egrégia Câmara Municipal de Canguaretama lhe homenageou com o título de cidadão canguaretamense, o qual aceitou com muito orgulho.
Conversar com os humildes e doentes era sua profissão na velhice. Ajudava e visitava os mais pobres sem pretensões políticas ou cobranças eleitoreiras. Conhecia os recantos dos lares e sentimentos do povo.
Para a família foi mais que um líder, foi um guia que ensinava como fazer. Atencioso, ágil, governava como um monarca bondoso, inteligente e fiel. Era o conselheiro preciso, um farol que não apagava, dando o sinal de esperança. Tinha solução para tudo. Seu prognóstico era infalível.
Tinha uma vida saudável: não bebia, não fumava, seu esporte era o trabalho e a alimentação regrada. Seu café da manhã era de rei, seu almoço era de príncipe, seu jantar era de mendigo. Na velhice não precisou de ajuda, continuou autônomo até o fim. Foi acometido de acidente vascular cerebral grave no dia 14 de outubro. Ficou hospitalizado, mas sempre consciente, até partir para a Cidade de Deus, no dia 26 de outubro, dia da poesia.
Parecia calcular tudo. Agüentou firme até ser visitado por todos os filhos no hospital. Enquanto esteve hospitalizado todas as madrugadas foram visitadas por neblinas leves que preparavam o solo que o receberia. ...
Seus pedidos eram simples e todos já sabiam: ser sepultado na terra onde nasceu, ao lado do pai e da mãe; no esquife mais barato que pudesse, para lembrar sua humildade; pediu também que lhe vestissem o terno branco de seu casamento. Tudo foi cumprido à risca. Enfatizando que o destino se encarregou de que o seu sepultamento fosse no dia que ele mais gostava: sábado, o dia de feira. E durante todo esse tempo que ele esteve internado, os céus choraram a sua perda por todos nós.

Mestre verdadeiro é aquele que ajuda a esculpir nas almas as mais belas lições de sabedoria. Verdadeiro professor é aquele que toma das mãos do homem, ainda criança, e o conduz pela estrada segura da honestidade e da honradez. O verdadeiro mestre é aquele que segue à frente, sinalizando a estrada com os próprios passos, com o exemplo do otimismo e da esperança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário